Petri Salo expõe na Biblioteca Municipal da Nazaré. A temática dos seus trabalhos ali expostos incide exclusivamente sobre a vila e vivências da Nazaré.
Em 1991, este pintor brindou o público nazareno com uma fabulosa exposição de temática semelhante, no Museu Dr. Joaquim Manso, tendo sido, na altura, muito elogiada pelos convidados e apreciadores de arte em geral.
Petri Salo veio para Portugal em 1989, escolhendo a Nazaré para se fixar. Existe algo nesse recanto do mundo que o atrai de forma inexplicável.
Nesta exposição, que se intitula Alma da Nazaré, e que estará patente ao público até finais de Agosto, Petri vem reafirmar, através das suas pinturas, a sua paixão por essa terra portuguesa a milhares de quilómetros de distância de Helsínquia, sua terra natal.
A Nazaré continua a atrair artistas e pintores de outros lugares, tal como o fizera em séculos passados. Petri continua na senda desses grandes pintores que através das suas gravuras, pinturas, fotografias, filmes, esculturas e literatura deixaram registos extraordinários da Nazaré de outros tempos. Esta exposição revela-nos que a Nazaré se reinventou, criando em si novas imagens entre novas e velhas temáticas que estão a ser captadas e retratadas por artistas dotados de uma sensibilidade excepcional como é aqui o caso deste artista Finlandês.
Falar de Petri é falar de uma pessoa culta, sensível, interessada e muito atenta ao que o rodeia. É falar de um pintor em constante busca de um estado de alma, de uma filosofia não só de vida mas também da arte; é falar de um percurso estético, de experimentação, de retratar a ocasião fugaz ou o momento que parece eterno e é falar da procura de um lugar para se encontrar na sua existência e pintar meticulosamente o que lhe vai na alma.
Petri transporta para as suas telas as suas vivências emocionais como é de se esperar, mas vai para além disso; nas suas pinturas e retratos, transparece uma mensagem gótica de associação onírica, uma composição eclética com laivos de metafísca e uma configuração de tonalidades subtilmente emaranhada gerando um romantismo de uma beleza extraordinária. As suas pinturas, mesmo aquelas que retratam os objectos mais banais, são sempre complexas quer seja pelo traço, pela mistura das cores, pela composição das tonalidades ou até pela perspectiva com que ele nos leva a aproximar do objecto ou do retrato pintados.
Armando Sales Macatrão
Nazaré, 1 Agosto 2010