Sabendo que as motivações, ou a falta delas para não irem votar foram de várias ordens, desde o descontentamento, à ignorância, passando pela simples banalidade com que encaram uma eleição para o parlamento europeu – por não acharem que isso tenha qualquer influência na s suas vidas –, era só para dizer – aos que não foram votar - que, nos próximos cinco anos não vão ter mais voz na Europa.
Deixaram que outros se aproveitassem da vossa abstenção. Depois querem queixar-se de quê, da escolha que permitiram aos outros fazer por vós? Não os deixassem escolher sozinhos!
No caso de alguém deixar de ir votar por achar garantido que a sua força política escolhida ganha, apenas está a garantir “um voto” na abstenção e a deixar que outros façam as suas escolhas que não as suas.
Se por outro lado não se revêem de todo em nenhuma das dezasseis forças candidatas – claramente um exagero – então, o certo, na minha opinião, será sempre o voto em branco. Não, não é a mesma coisa votar em branco ou entrar na estatística da abstenção. São coisas completamente diferentes e que em massa podem levar a resultados diferentes. Aliás, bastante diferentes.
Deixar de votar, fosse qual fosse o sentido do voto, mesmo que em branco, é a mesma coisa que desistir! Não desistam!
Assim, só não ganharam a maioria dos agentes políticos nem a democracia como não ganharam aqueles que desistiram quando colectivamente, pela equipa vestida de branco, podiam ter ganho sem eleger ninguém!
Os resultados destas eleições para o parlamento europeu registaram algumas curiosidades. A “coligação da maioria”, como fazem questão de afirmar, não passa da coligação de um partido desacreditado, que nos levou a este estado de economia degradante e a um estado social praticamente inexistente, com outro que mais parece uma miragem. Neste momento pode-se dizer que esta coligação é formada por um único partido já que o partido de Portas está todo partido. Mas não foi o único. O Bloco de esquerda consegue ter mais gente na liderança do partido que aqueles que elegeu para o parlamento europeu, a saber: Dois para um; ou seja, está em vias de, também ele, desaparecer enquanto força elegível. E vão dois a juntar a muitos outros que mais valia ficarem quietinhos em casa a ponderar qualquer coisa de útil que não se apresentarem a eleições. Surpreendeu de certa forma a CDU que subiu uns furos e o MPT, perdão, o Dr. Marinho Pinto ou seja, Marinho Pinto Total (MPT). Qualquer partido com qualquer sigla com a campanha que o Dr. Marinho fez, obteria aquele resultado. Ele conseguiu eleger-se sozinho, não tenham dúvidas. A sigla por trás da candidatura só existiu para permitir a sua candidatura e consequente eleição, e conseguia-o fosse qual fosse a camisola que vestisse. O outro vencedor destas eleições, não há volta a dar, embora muitos queiram afirmar o contrário, foi o PS, ou não tivesse ficado em primeiro – ou houve outro que ficou em primeiro que eu desconheça?! - E só não ficou mais distanciado daquela espécie de coligação, tenho a certeza, por haver demasiados desistentes por convicção, daqueles que (não) agem por comodismo porque os descontentes, pelo menos a grande maioria, esses foram os que arrasaram com a coligaçãozita medíocre.
Nas próximas eleições legislativas dificilmente vamos ter uma maioria absoluta, a não ser que os desistentes se decidam a vestir uma camisola, porque sabemos que muitos deles continuarão simplesmente a desistir e outros lá se decidirão por algum partido, com todas as nuances coligacionais que os números permitirem. Lá que vai ser preciso uma calculadora, lá isso vai, mas gostava de me enganar.