Num encontro sobre Património Imaterial onde estive na semana passada, alguém falava na importância de transmitir aos jovens os valores e as práticas da sua cultura popular, nacional e local, quando as próprias escolas são responsáveis pela permissão de uma certa homogeneização através da importação da cultura americana. Se temos o "pão-por-deus" porque havemos só de celebrar o halloween?
Parece-me esta observação muito pertinente a propósito do Carnaval na Nazaré e do São Brás, que decorreu no passado dia 3 de Fevereiro. É de louvar a continuidade desta tradição, de uma forma mais ou menos espontânea, aceitando a sua natural evolução... Que se incentive a participação de toda a comunidade, das crianças e dos jovens. Mas que se lhes explique a sua razão de ser e a sua originalidade, numa tendência geral do país para importar sambas e desfiles à maneira brasileira.
Será fazer esta reflexão, para que a essência da "festa" do São Brás não se perca, em favor de actividades mais mercantis ou explorações mais económicas, ou de esquecimentos sobre a importância de todos respeitarmos a qualidade do espaço natural e cultural onde este dia se passa e que, cada vez mais, é invadido por carros e bancas de feira. Tendo-se há muito perdido a crença religiosa (que justifica ainda esta comemoração por tantas aldeias de Portugal), a ideia a manter na Nazaré será sempre a da espontaneidade, da alegria comunitária...
E para saber (ou relembrar) um pouco mais sobre o São Brás na Nazaré, fica o convite para visitar o “Objecto do Mês” no Museu Dr. Joaquim Manso ou consultar o respectivo blog.