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gargolado por westnelson, em 29.03.13 às 22:03 link do gargol | favorito

Sabe-se, de um modo geral, não sendo taxativo, que as candidaturas independentes às autárquicas são usadas sobre tudo por pessoas que, por qualquer motivo, ficam fora das listas dos partidos. Por mais ideologia partidária que haja dentro de cada um desses independentes, exorcizam os seus passados absorvendo e até lutando pelo sentimento antipartidário que em parte se instalou na nossa sociedade. Contudo, ser “independente”, ou querer parecer que o é, já é, de alguma forma, tomar partido.

 

As ideologias partidárias que não têm de ser rígidas, quero crer que não o são, mau seria se o fossem e cada vez menos o são – estou convencido disto – até porque quem não evolui neste sentido fica fora do seu tempo e a viver do passado que em nada favorece quem dali comunga e a quem raramente serve – a população. Ainda assim, o filão do candidato independente, com ou sem passado político, é quase sempre explorado de um modo quase esquizofrénico ao ponto de, fora do alcance e do seguimento de uma ideologia, poder descambar por caminhos anormais a uma sociedade democrática em que o candidato é soberano sobre todas as suas opiniões que poderão chegar ao ponto de ser antidemocráticas e até homofóbicas, não abrindo a política à sociedade – o que é um contra-senso –, apenas promovendo as figuras de topo de tais listas independentes. Não quero com isto dizer que é o que normalmente acontece, mas que acontece em muitos casos, disso não tenho dúvidas. Mas, a maior brecha numa candidatura deste género é a grande falta de coerência entre as opiniões sobre os mesmos assuntos em determinados períodos temporais bastante curtos, inferiores a um período autárquico – se isto acontece com alguns políticos dentro dos próprios partidos, muito mais facilmente acontece fora deles. Uma situação destas só é aceitável se por qualquer impedimento legal ou prático for impossível seguir em frente com o que estava inicialmente previsto. O que interessa na essência de um projecto autárquico sério é trabalhar obedecendo a um rigoroso programa, entretanto sufragado pela população, para benefício desta, e não depois de eleito e designado para uma tarefa andar a mudar de opinião como quem de camisa troca diariamente. O trabalho resulta se tiverem objectivos bem definidos pelos quais se possam orientar, levando a bom porto o desenvolvimento dos projectos para bem da população e do concelho para o qual foram eleitos. É aqui que é necessário estar atento aos desvios, para além do aceitável, das ideias com elevado índice de falta de bom senso.

 

Aliás, um autarca tem sempre, mas sempre, mesmo, de defender a causa e a gestão pública de tudo que a uma entidade destas diz respeito, não alienando bens do erário público por o dá cá aquela palha em proveito próprio de outros ou mesmo em prol de interesses obscuros que não consigam ser explicados de modo convincente. Um indivíduo que age assim, não está predisposto para a sociedade democrática que o elegeu, antes pelo contrário, podendo, e devendo ser levado, em última instância, à confrontação com a justiça. E é aqui, nesta confrontação, que Portugal tem falhado a toda a prova.


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